domingo, 19 de agosto de 2007


Scorpions faz show na Amazônia e alerta público sobre desmatamento e mudanças climáticas.
10 de Agosto de 2007


Banda alemã leva ao palco mensagem do Greenpeace sobre a importância da Amazônia para salvar o clima global

Cerca de 30 mil pessoas assistiram na última quinta, dia 9, ao show da banda de rock alemã Scorpions em Manaus (AM). Para chamar a atenção do público sobre os perigos do desmatamento da Amazônia e suas conseqüências para as mudanças climáticas, os músicos exibiram um banner com o alerta "Chega de desmatamento! Sem Amazônia não há futuro". A mensagem, produzida pelo Greenpeace, também foi exibida nos telões no momento em que a banda entrou em cena.

"Sabemos que não somos os primeiros a fazer isso, mas viemos para a Amazônia para dar visibilidade à situação das florestas tropicais e aproveitamos para aprender mais sobre as ações do Greenpeace contra o desmatamento", disse o vocalista da banda, Klaus Meine, durante a coletiva de imprensa. Ele aproveitou para deixar claro que o objetivo principal da turnê é fazer com que as pessoas possam, de alguma forma, refletir sobre o modo como a humanidade está tratando o mundo.

O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, parabenizou os músicos pela iniciativa e por levar a mensagem sobre a urgência de se barrar o desmatamento da Amazônia. "É preciso parar o desmatamento agora para salvarmos as florestas, o clima global e o futuro da vida na Terra”, disse Adário.



Nos últimos 40 anos, mais de 700 mil quilômetros quadrados de florestas foram desmatados na Amazônia brasileira, uma área equivalente a duas vezes o território da Alemanha. A destruição da floresta expõe o Brasil não apenas como vilão da biodiversidade, mas também do clima do planeta – o País é o quarto maior emissor mundial de gases de efeito estufa, principalmente em função do desmatamento e das queimadas.

A destruição da Amazônia gera um círculo vicioso: desequilibra o clima regional e contribui para o aquecimento global, tornando a floresta mais seca e, portanto, mais vulnerável ao fogo. “A floresta já tão ameaçada pelo desmatamento pode, em poucas décadas, ser substituída por uma vegetação muito mais pobre em relação ao que ela é hoje”, explicou Adário. "Não temos mais tempo a perder".

A apresentação na maior cidade da Amazônia brasileira será eternizada com a produção do DVD Scorpions Live in Manaus. Durante a coletiva, Klaus Meine comentou sobre uma outra razão da banda querer tocar em Manaus: um dia, ele assistiu a um documentário sobre a Amazônia e, "lá no meio da floresta", um grupo de crianças tocava "Wind of Change". Emocionado com a cena, ele pensou: "um dia tenho que tocar neste lugar". O show foi o primeiro da turnê Humanity Hour One no Brasil, que conta ainda com apresentações em Recife e São Paulo.



Boa notícia: desmatamento da Amazônia cai pelo terceiro ano consecutivo

10 de Agosto de 2007

Manaus (AM), Brasil — Mas a má notícia é que fatores econômicos que levam à destruição da floresta voltam a ganhar impulso. Brasil deve assumir metas para garantir o fim do desmatamento

O governo federal anunciou nesta sexta em Brasília uma ótima notícia para os brasileiros – e para o clima do planeta, que se beneficia dos serviços ambientais desempenhados pelas florestas: a taxa de desmatamento na Amazônia entre o segundo semestre do ano passado e o primeiro de 2007 deve ser de cerca de 9,6 mil km2, a mais baixa desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou, em 1988, a monitorar a destruição da cobertura florestal da Amazônia. Essa previsão é baseada em dados corrigidos do sistema Deter e Prodes, do Inpe, e tem uma margem de erro de 10%, segundo o governo.

A má notícia que vai além dos números do Inpe: os fatores econômicos que contribuíram para a queda no desmatamento estão voltando a mostrar suas garras: o preço da soja voltou a subir às vésperas da safra que começa a ser plantada em setembro, o preço da carne aumentou, grandes áreas da Amazônia já estão isentas de febre aftosa e o anunciado boom dos agrocombustíveis começa a fazer pressão sobre as terras disponíveis na região. A conseqüência já se faz sentir: o número de queimadas desde junho está aumentando em relação ao ano passado.

.Além da estimativa, o governo divulgou também ontem o dado corrigido do Inpe/Prodes para o período agosto de 2005 a julho de 2006, que foi de 14.039 km2, uma queda de 25,3% em relação ao período anterior. A estimativa divulgada em outubro do ano passado, um mês antes das eleições presidenciais, era de 13.100 km2, com uma margem de erro – agora confirmada – de 10%. O dado confirmado significa uma queda de 49% em dois anos, desde os fatídicos 27.429 km2 de 2003/2004, a segunda maior taxa da história. O recorde anual continua com o governo FHC, de 29.059 km2 verificados no período agosto de 1994-agosto de 1995. Mas o primeiro mandato do governo Lula foi recorde de desmatamento acumulado: mais de 70 mil km2.

“Ainda que os dados do Inpe para 2006-2007 sejam provisórios, eles são muito estimulantes, já que mostram que o desmatamento inverteu a tendência histórica de alta e apontam para uma queda pelo terceiro ano consecutivo”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia, do Greenpeace.

Vários fatores podem ter contribuído para esta queda, entre elas algumas medidas de responsabilidade do governo, como a criação de milhões de hectares de áreas protegidas e um aumento na fiscalização do Ibama – que fez 151 operações de porte na floresta em 2006, contra 64 em 2005. Influenciaram também fatores relacionados ao mercado como a queda de preço das commodities agropecuárias e supervalorização do real em relação ao dólar.

Outras razões estão ligadas à maior mobilização da sociedade contra o desmatamento, tais como a campanha movida pelo Greenpeace e organizações sociais de Santarém contra a expansão da soja na Amazônia. A campanha, que recebeu o apoio de grandes ONGs atuantes na Amazônia, levou a indústria da soja – principal commodity do país – a adotar uma moratória para novos desmatamentos em julho de 2006. O papel positivo da moratória foi reconhecido durante a apresentação dos dados do desmatamento, pelo ministro da Agricultura Reinhold Stephanes.

A queda no desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo demonstra claramente que medidas de governança, quando aliadas a vetores econômicos, atuam em benefício da floresta amazônica, e em conseqüência, do clima do planeta. A emissão de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e de queimadas na Amazônia é o principal fator para fazer do Brasil o quarto maior emissor de gases que provocam o aquecimento global.

“O governo deve aproveitar o momento favorável para aprofundar o programa de combate ao desmatamento e fortalecer as medidas estruturantes que permitam, num futuro razoável, acabar com a destruição da floresta amazônica. A hora é agora, quando o governo federal está fortalecido,” disse Paulo Adário. “Para isso, é preciso um claro compromisso com metas anuais de redução do desmatamento – e por conseqüência, de emissões de gases estufa – que possam mobilizar os vários setores da sociedade brasileira – indústria, agronegócio, bancos financiadores de atividades econômicas, sociedade civil, estados e municípios a juntar esforços ao governo federal”, completou Adário.