sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ford Mustang "King of the Road",sonho de consumo!




Há 40 anos, mais exatamente em 1967, a Ford lançava um de seus maiores mitos, o Shelby GT500KR. O KR significava “King of the Road”, ou rei da estrada. A sigla não era pretensiosa, pelo contrário: com um motor de 4298 polegadas cúbicas, ou 7.013 cm³, o carro tinha mais de 400 cv, mas a Ford dizia que ele tinha cerca de 340 cv por conta do seguro. Com o renascimento do Mustang, que na última geração ganhou um desenho à altura de seu nome, a empresa não quis deixar o sucesso passar e trouxe de volta à vida este mito, inclusive com a assinatura do lendário piloto texano Carroll Shelby. E, como costuma acontecer, a releitura do clássico é ainda mais interessante que o modelo original.

Para começar, o motor diminuiu de tamanho: agora é um 5,4 litros. Isso poderia decepcionar os fãs do ditado “não há substituto para a capacidade cúbica”, mas, com a ajuda de um compressor mecânico, o novo V8 gera pouco mais de 100 cv por l, ou mais exatamente 547 cv. É bem mais do que o modelo original ostentava, com a vantagem de uma construção moderna e de uma carroceria mais segura. O torque também é de encher os olhos: 70,5 kgm.

A responsável pelo novo motor foi a SVT, divisão de preparação da marca, que, como faz com todos os motores que prepara, toma cuidados além dos normalmente exigidos pela produção em série: pesa cada peça móvel do motor, para que todas tenham um peso muito próximo, com tolerâncias baixíssimas, monta cada motor com a ajuda de um especialista, que o assina, e por aí afora. Além do compressor mecânico, o GT500KR teve também outras mudanças no motor, como a revisão do sistema de ignição e a calibração das borboletas, para torná-las mais ágeis, e a adoção de um novo intercooler.

A transmissão, como as montadoras norte-americanas aprenderam, tem de ser traseira, em carros de alto desempenho. E é, no Mustang. No GT500KR, ela também tem um diferencial mais curto que o usado no GT500 (3,73:1, contra 3,31:1), para respostas ainda mais nervosas do que o carro conseguiria normalmente. O câmbio, de seis marchas, é um Tremec TR6060 e acompanha o diferencial mais curto. Tudo em prol de um carro mais atrevido!

Como não basta que o motor seja forte, a suspensão acompanha a performance e foi ajustada especialmente para o novo carro. Ele tem torres, molas, amortecedores e barras estabilizadoras próprias. Mais rígida que a do GT500, a suspensão se mantém, segundo a Ford, macia o suficiente para o uso no dia-a-dia. Tudo bem que, com apenas 1.000 unidades a serem produzidas, dificilmente alguém verá um GT500KR dando sopa por aí, mesmo nos EUA.

A exclusividade será garantida por placas de metal instaladas no painel e assinadas por Carrol Shelby, numerando os exemplares do novo modelo comemorativo. As chances de que este Mustang se torne item de colecionador são altíssimas. Basta lembrar que o primeiro GT500, que não é tão exclusivo quanto o KR, foi vendido por US$ 600 mil em 2006 no leilão Barrett-Jackson, mais de dez vezes mais seu preço nas revendas da Ford dos EUA.

O modelo original, que tinha capô de plástico reforçado com fibra de vidro, enquanto o novo utiliza fibra de carbono, vendeu 1.570 unidades em 1968, sendo 1.053 fechados e 517 conversíveis. Como o novo “King of the Road” não terá versão conversível, as mil unidades têm explicação histórica. E devem ter a mesma importância na história da marca norte-americana.

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